terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ética e prudência na política e seus meios e fins

O leitor reconhece e sabe que o ambiente político brasileiro está longe, ainda, de ser o lugar mais agradável de se viver. Tentações, desvios, ambições, tudo isso combinado com o desgaste típico de uma eleição proporcional que não valoriza as regiões, o que obriga um mandatário a se manter “na estrada” durante praticamente todo o seu mandato, correndo risco de vida e dependendo de, digamos, uma verba extra para efetuar o trabalho. Alguns vêem isso como uma vergonha, mas certamente é um lamento ver a política, que é a mais nobre das profissões, ser vista e tratada de tal forma. É a decadência de nosso bem comum.

Pórem, a pergunta: será que para atingir um objetivo em prol do bem comum, os fins justificam os meios? Ou o meio, mesmo quando mau e justificado, torna o fim mau como um todo em sua forma? Tomás de Aquino afirmava que nenhum mal se justifica a um fim bom, pois a própria execução do mal afeta o fim bom e o torna mal.

Isto é digno da prudência - a arte de fazer o bem - fazer apenas com meios bons. A proteção, neste caso, é um elemento da prudência chamado de previdência. Diferentemente da prevenção, a previdência não protege o meio e o fim contra atos que dificultem a execução prática do bem comum, mas sugere que se ocupe um certo espaço para que o erro se dificulte, a fim de que ele se dissipe antes mesmo de violar o bem pretendido.

Logo, não há outra forma de fazer o bem comum, senão tomando camadas do poder político. É claro que se pode modificar a cultura, como afirmava Olavo de Carvalho, mas a cultura é imutável quando a instituição política maior, o Estado, não é capaz de produzir influência positiva e unitiva através de um chefe de Estado. Aí a função de dar o exemplo de prudência é, segundo Cezar Saldanha de Souza Júnior, das instituições, estas que qualificam e trabalham os talentos mais plurais e necessários da pessoa como a produção de riquezas, a força como cidadão, a beleza da estética e da arte, a alma como cristão, o conhecimento como cientista, etc.

Foi a estratégia de Antonio Gramsci, famoso marxista italiano, que adaptou o comunismo ao socialismo e o tornou flexível à cultura, pois ele entendeu que se a cultura não for adaptável ao coletivismo, o comunismo nunca será possível. E deu certo na América Latina, apesar de terem sido utilizados meios péssimos e violadores aos bens maiores da pessoa humana como a liberdade e a dignidade.

Portanto, a mobilização social em prol de valores, em favor do bem de todos é possível, desde que para isso os meios não sejam imprudentes a fim de tornar o fim desviado do pretendido. Por isso, há de se formar valores na política a fim da moral cristã ser este elemento chave que falta para a formação da ética das pessoas que atuam no meio, para que o bem seja, além de prioridade, protegido como se essencial para nossa vida.

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