sábado, 12 de fevereiro de 2011

Por que a política?

Política é a mais nobre das artes. É a arte de fazer o bem comum. Influencia a mim, você, sua família, todos nós. É somente através da política que é possível fazer o bem comum, visto que a sociedade política, apesar de ampla, possui em seu interior um ente perfeito chamado Estado. Ele é o verdadeiro promotor e motor do bem comum, sem ele nada é possível. 
Reafirmo sua perfeição porque possui todas as condições de satisfazer a nossa felicidade de forma subsidiária, seja prestando suas funções de promover saúde, bem-estar, justiça, educação, etc., ou seja promovendo, através de boas instituições que o formam, os bons valores que formam a moral e a consciência da pessoa.
Para uma pessoa, dizer que não gosta de política é a mais egoísta das falas, pois a ela é imbuída a função de "ser cidadão", uma função que requer que se ame e se lute pelo bem comum, mesmo que isso requeira à pessoa levantar-se da poltrona, ignorando a viciante televisão e todas as suas comodidades. 
É, muitas vezes, porque a pessoa não "gosta" de ser cidadã que elegemos pessoas de tão baixo nível para o Congresso Nacional, quando o voto, este sim, deveria valer ouro, e suas mobilizações políticas, que normalmente não acontecem, no mínimo prata.
Você poderia me responder portanto: "mas eu já tenho problemas demais para resolver". Sim! E você tem mais um! Você não sabia, nasceu sem saber que iria ter mais um, mas infelizmente é assim que funciona a democracia!
Por isso escrevo, por isso me dôo de alguma forma a este blog. Após frustradas experiências políticas, se, a partir deste blog, uma pessoa me disser que começou a se interessar pela política e pelo nosso bem comum, já me sinto satisfeito. Esta é a minha missão, este é o meu trabalho em face de Deus: fazer e descobrir vocações políticas para que elas sejam trabalhadas ao máximo e sejam verdadeiros instrumentos de promoção do bem comum.
É o meu bom combate e conto com você para se juntar a mim, sempre que possível.


Escrito para a página "Por que política?".

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Acorda oposição! Ouçam os 44 milhões de brasileiros!

"Quanto mais mentiras falarem de nós, mais verdades falaremos deles", disse José Serra no lançamento de sua candidatura à Presidência da República. Isso não aconteceu. José Serra e o PSDB, além de terem sido coniventes com os projetos do PT, elogiando o endividado governo, declarando os benefícios do Bolsa Família e perdendo tempo que poderia ter sido utilizado para expor o passado terrorista de Dilma Rousseff - a conhecida Stela do VAR Palmares -, fizeram também a proeza de exporem o presidente Lula no seu programa eleitoral, na tentativa de dar uma idéia de "continuidade" do governo Lula. Ou seja, o PSDB declarou que era uma oposição que não era bem uma oposição. O que era? Eu não sei.

Mesmo não sendo bem uma oposição, José Serra, tendo como adversária uma pessoa que jamais se candidatou a um cargo político, conseguiu arrecadar 44 milhões de votos, muitos originados de uma polêmica que havia se criado em torno de um vídeo da candidata Dilma em que ela afirmava ser socialista e a favor do aborto, o que levou evangélicos e parte dos católicos, principalmente de São Paulo (através da CNBB Regional Sul 1) a aconselhar seus eleitores a não votarem na candidata. Analisando o fato, foram 44 milhões de votos brasileiros conservadores - uma vocábulo quase proibido para os dias de hoje -, em outras palavras, contra o aborto, contra o casamento gay, contra o socialismo, a favor da liberdade religiosa e contra todos os termos stalinistas do PNDH-3. E a "oposição" não viu isso. Importante mesmo era enfatizar a "saúde da mulher" enquanto estavamos na iminência de uma ditadura bolivariana.

Passadas as eleições, eleitos os governadores, Aécio Neves, que já havia se aliado ao PT quando foi governador de Minas Gerais, utilizou de seu protegè, o governador Antonio Anastasia, para apoiar o PT no seu novo projeto de retorno da CPMF. Anastasia foi o único governador da oposição que se juntou ao governo petista, manchando ainda mais a reputação do PSDB como oposição e declarando que os tucanos mineiros estavam prontos a entrar no governo Dilma, mesmo que somente debaixo dos lençóis, sem ninguém saber o que estava a acontecer.

Prova disso foi o ocorrido em novembro, quando o senador paranaense Alvaro Dias havia se declarado tacitamente um marxista e governista, votando contra o PMDB, o DEM e o PP, e junto com o PT, a favor da PEC 26/06, que permitiria que a população pudesse "sugerir" assuntos de relevância para serem votados em plebiscito, no maior estilo socialista bolivariano. O senador se justificou por twitter afirmando que a PEC 26/06 era "uma PEC morta". Mas afinal de contas, se era uma PEC morta, não foi ele o cúmplice em ressuscitar o gólem vermelho?

Mas a gota d'água para a "oposição" tucana foi a nota oficial do então presidente nacional do PSDB, José Aníbal, lamentando o boicote do PT à presença do PSDB no Congresso da Internacional Socialista, acusando os petistas inclusive de possuírem "traços conservadores indisfarçáveis", deixando os tucanos com figuras de bobos marxistas que, além de não serem uma oposição de verdade, não entendiam de onde vinham os seus 44 milhões de votos. Foi o momento que decidi não continuar no PSDB, mesmo que a estadual gaúcha, a qual eu fazia parte, nada tivesse a ver com as trapalhadas nacionais, pelo contrário, o deputado federal Cláudio Diaz, a quem tive orgulho de apoiar na campanha, foi implacável contra o governo petista, contra a entrada da Venezuela no Mercosul e contra o terrorismo feito por Tarso Genro, quando Ministro da Justiça, em que ele transformou a Polícia Federal do RS em sua Gestapo pessoal, eliminando inimigos, inventando mentiras e jogando-as na mídia gaúcha, que, muito agradecida, ajudou a elege-lo.

O formador de líderes John C. Maxwell, em seu livro Leadership Gold, afirma que a maior liderança é aquela que erra, mas no fim, reconhece os seus erros, mas, além disso, também conhece o seu meio, as pessoas a quem representa e lidera. Para mim, nenhuma derrota é maior que a derrota para si mesmo, e nenhum guerreiro é pior do que o guerreiro que se alia com inimigo, ainda mais quando este inimigo é um inimigo da sociedade, do bem comum, da nossa moral e da nossa democracia, como é o PT.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O carnaval do Rio virou pó. E daí?

Todo o ano é a mesma coisa. Carnaval virou sinônimo de música, bebedeira e, muita, mas muita promiscuidade. No Rio de Janeiro, o chamado "melhor carnaval do Brasil", em meio à pobreza das favelas e à riqueza do tráfico de drogas, o carnaval sobrevive com performances colossais, ano após ano. É de se suspeitar? Talvez. Eu, pessoalmente, não me envolveria sob estas suspeitas, sob pena de me tornar um cúmplice da criminalidade. É uma questão de aposta, como a de Pascal se Deus existe, mas infelizmente nesta, se eu perco, perco pra valer.

Em 2007, o evento do carnaval do Rio de Janeiro chegou a se tornar uma incógnita, vez que no mesmo mês dos desfiles ocorreu uma tragédia, daquelas de comover o país inteiro. João Hélio Fernandes, de apenas 6 anos, foi morto, tendo sido arrastado pelo abdome, amarrado ao cinto de segurança de um carro, por um trecho de sete quilômetros, resultando na deformação brutal de seu corpo. Foi a catástrofe que levou à discussão da diminuição da maioridade penal - em razão de todos os envolvidos serem menores de idade e, por isso, não haver naquele momento a possibilidade de punição penal - e da possibilidade de cancelamento do carnaval do Rio de Janeiro. E não é que o carnaval aconteceu, como se nada tivesse acontecido?

Mas essas fatalidades e suspeitas parecem não incomodar as centenas de celebridades de miolo mole - as também chamadas "arroz-de-festa" - que desfilam e "brilham" cada vez mais dentro de suas escolas de samba, e assim sustentam o estrelado carnaval do Rio de Janeiro dentro da mídia que, ao mesmo tempo, promove suas celebridades, lucra com a transmissão dos desfiles e finge igualmente que nada acontece.

Neste mês, a Cidade do Samba foi incendiada. Nunca o carnaval do Rio de Janeiro esteve tão perto de não acontecer. Milhares de fantasias e alguns carros alegóricos foram carbonizados. As comissões carnavalescas decidiram inclusive não rebaixarem nenhuma escola este ano. A mídia tratou o fato como se fosse uma tragédia. Enquanto isso algumas dezenas morriam em protestos no Egito e radicais islâmicos destruíam Igrejas e imagens de Jesus Cristo na Indonésia. Mas importante mesmo, meu amigo, era saber se haveria carnaval no Rio de Janeiro.

Mas mesmo se não houvesse carnaval eu diria em alto e bom som, e daí? O carnaval contribui para a nossa educação? Contribui com a nossa vida? Aqui não falo em se fazer penitência ou coisa parecida, mas é este carnaval que desvirtua a mente dos nossos jovens e os coloca à beira da promiscuidade, da bebida e até mesmo das drogas - ou o lança perfume pode só porque é carnaval? -, sem falar da péssima imagem externa do Brasil em face destas resultantes. Em tempos de relativismo moral constante, não haver carnaval, para mim, seria até uma notícia boa.


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O BBB e o Homo videns: o homem que vê e não sabe pensar

O Homo sapiens, ou o homem que raciocina, sempre teve como característica a sua linguagem símbólica-verbal e o uso contínuo e constante de seu raciocínio para se comunicar e se informar das circunstâncias em geral, ou seja, do mundo em que vive. Isso foi continuado, sucessivamente, com a invenção de meios que aperfeiçoavam o seu raciocínio em face destas circunstâncias através da comunicação, como o jornal e o rádio. Porém, uma invenção acabou com todo o esforço linguístico e racional do homem de adquirir conhecimento: a televisão.

A televisão, ao contrário do rádio e do jornal, não tem como conteúdo principal a dialética ou a notícia, mas sim a própria imagem em si. O homem deixa, assim, de utilizar-se de meios que provocavam o seu raciocínio, para se adequar a um meio que simplesmente o deixava cômodo, que o apegava à imagem e não ao seu conteúdo descritivo. Giovani Sartori, no seu livro Homo videns (o homem que vê) afirma que o homem nunca se divertiu tanto quanto com a invenção da televisão, mas nunca foi também tão cômodo, tão alienado e tão indiferente do mundo.

A invenção da televisão, aliada com o ápice do relativismo moderno do século XX e o início da revolução sexual, iniciada nos anos 60 com a venda de anticoncepcionais, moldaram o homem de uma forma tão individual que deixaria o próprio Nietzche com inveja. A busca intensa por prazer e a indiferença no adquirir conhecimento iriam resultar numa óbvia mudança do que seria senso comum, injetando na cultura ocidental uma busca constante por satisfações temporárias, o que na maioria das pessoas iria ocorrer da forma mais preguiçosa possível, e foi assim que entrou em cena a imagem e o mero prazer em ver.

Agora a modernidade entra em uma nova fase: na desmoralização do ser, onde o corpo deixa de ter valor, a pessoa é um mero animal e as redes de televisão ganham fortunas com as preguiças e com as despersonificações dos sujeitos que participam dos chamados reality shows. É assim que ocorre com o BBB, um programa em sua 11ª edição, recomendado para maiores de apenas 12 anos, e que possui em seu meio um transexual, dois homossexuais e uma ex-atriz pornô, isso sem falar em outras mulheres que não deixaram de tirar a roupa dentro do programa. Assim, o telespectador se torna viciado na imagem e os participantes se tornam animais. O tempo é perdido, o conhecimento é zero e a contribuição para que não se busque raciocínio no futuro é total.

Essa edição do BBB, em especial, foi além nos quesitos de despersonificação. Não bastasse a tamanha promiscuidade, onde praticamente todos já se beijaram na boca, tiraram a roupa ou se embebedaram de vodka, o diretor Boninho cometeu a perversão de escolher para o programa pessoas que não haviam sequer passado em testes psicológicos, logo, pessoas que precisam de ajuda, que sofrem com desequilíbrio mental, e que são colocadas em um ambiente para desequilibra-lo e assim "animar" a trama. É uma maldade sem adjetivações humanas, é como rir de alguém que anda de cadeira de rodas. Mas o nosso senso comum não tem tantas restrições mais quanto a isso, não é?


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A falência do sistema eleitoral brasileiro

O Brasil é um país ingrato. É isso mesmo que você leu. Veja bem: quando tínhamos um Império, preferimos ser iguais aos Estados Unidos, e não chegamos nem perto disso. Quando tivemos bons políticos, como Assis Brasil, Raul Pilla, Franco Montoro, Teotônio Vilela, Alceu Amoroso Lima, Gaspar Silveira Martins, entre outros, os calamos, ou permitimos que os calassem. Quando tivemos um sistema eleitoral majoritário, regionalizado e distrital - que estava a sair do berço imperial - nós o rejeitamos e impusemos um sistema proporcional decadente, no qual a pessoa do candidato, aquele que é representante do povo, é menos valorizado que sua legenda, e, sucessivamente, os candidatos mais preparados e que querem praticar o bem comum são ofuscados por aqueles que tem farta exposição na mídia.

O sistema eleitoral brasileiro está chegando ao ápice de sua óbvia e prevista decadência, já percebida por muitos e, por isso, alguns parlamentares de grande transito no Congresso Nacional inventaram o que eles chamam de "reforma política": um projeto que permite que as campanhas sejam pagas com verba privada. Será que nossos problemas acabaram? Claro que não! Trata-se de mais uma fachada. Um projeto enfeitado e travestido para engolirmos uma reforma política que não é uma reforma política de verdade, mas uma mísera mudança no sistema eleitoral para permitir que os partidos continuem a empurrar o corporativismo, ou quem faz voto, para dentro do Congresso Nacional e assim fortifiquem suas bancadas para serem capazes de exigirem cada vez mais cargos do Executivo. E não estou exagerando, a realidade política brasileira atual é, de fato, uma Caixa de Pandora, somente para quem tem estômago.

Reformas políticas se fazem modificando as instituições, as estruturas constitucionais e políticas que fazem com que o Estado, a instituição maior, seja aperfeiçoada conforme a atualidade assim o demande. Já boas instituições podem durar e funcionar por séculos, vez que as crises jamais serão grandes o bastante para elas, e um exemplo disso é a Inglaterra, que continua firme e forte com um sistema de monarquia parlamentarista semelhante ao que o Brasil possuía na época do Império, o que Max Weber poderia explicar pela legitimidade que há nas tradições políticas em face de uma nação. Tradição essa que perdemos para uma história que foi ofuscada pelo historicismo marxista, o qual fui formado na época em que estava no Colégio, e que certamente seus filhos também estão o sendo.

Voltando ao sistema eleitoral, o caráter do voto mudou desde a República de Vargas. Antes, o voto era ligado principalmente numa liderança partidária, isso em nível nacional - como ocorria com o PTB de Vargas - mas também em nível regional - como ocorreu com a refundação do Partido Libertador, por Assis Brasil e Raul Pilla, que sucessivamente derrubaram o ditador e presidente do Rio Grande do Sul, Sr. Júlio de Castilhos. Já neste momento, o voto é resultado de uma admiração e de uma identificação do eleitor com o seu candidato, havendo um fenômeno de personificação do voto, acima do partido do candidato, e isso por um lado é bom, uma vez que se trata de uma ligação entre cidadão e representante. Ademais, o voto de hoje tem um caráter completamente distrital, ou seja, os verdadeiros representantes saem de uma região só, o que também é muito bom.

Com estes dados, façamos a análise: se tudo é bom, por que estamos elegendo este tipo de gente, sem instrução e preparo, para exercer uma função tão nobre? Porque o sistema é de caráter personalista, mas, por decisão do STF, o verdadeiro dono do mandato é o partido, e porque o sistema é de caráter distrital, mas o voto não é distrital, é aberto em face de todo o Estado-membro.

É por essas falhas institucionais que passamos a alimentar maquinas eleitorais capazes de fazerem votos em um estado inteiro, isso quando não nos rendemos a votar em celebridades sem qualquer contribuição ao bem comum, mas cheias de exposição na mídia, como Romário e Tiririca.

Ademais a estes problemas, aos quais a instituição política não está pronta a preencher a demanda de representação social do cidadão, o problema da verdadeira função do Legislativo foi deturpada com a escolha do sistema de governo presidencialista - mais uma vez, uma pedra no sapato de nossa história - isso porque a Constituição Federal de 1988 possui traços parlamentaristas, que previam que a função de governo ficaria com o Legislativo, e não com o Executivo, que possui agora a de governo e a de Estado, incompatíveis entre si para o verdadeiro exercício do bem comum.

Por isso, pergunto a você leitor, em relação à "reforma política" colocada em tramitação no Congresso Nacional: é reparando arestas e escondendo a poeira debaixo do tapete que se resolvem problemas político-institucionais? Ou é modificando e atualizando este sistema pela raiz, a fim de que ele seja promotor do bem comum e não do bem partidário?