Todo o ano é a mesma coisa. Carnaval virou sinônimo de música, bebedeira e, muita, mas muita promiscuidade. No Rio de Janeiro, o chamado "melhor carnaval do Brasil", em meio à pobreza das favelas e à riqueza do tráfico de drogas, o carnaval sobrevive com performances colossais, ano após ano. É de se suspeitar? Talvez. Eu, pessoalmente, não me envolveria sob estas suspeitas, sob pena de me tornar um cúmplice da criminalidade. É uma questão de aposta, como a de Pascal se Deus existe, mas infelizmente nesta, se eu perco, perco pra valer.
Em 2007, o evento do carnaval do Rio de Janeiro chegou a se tornar uma incógnita, vez que no mesmo mês dos desfiles ocorreu uma tragédia, daquelas de comover o país inteiro. João Hélio Fernandes, de apenas 6 anos, foi morto, tendo sido arrastado pelo abdome, amarrado ao cinto de segurança de um carro, por um trecho de sete quilômetros, resultando na deformação brutal de seu corpo. Foi a catástrofe que levou à discussão da diminuição da maioridade penal - em razão de todos os envolvidos serem menores de idade e, por isso, não haver naquele momento a possibilidade de punição penal - e da possibilidade de cancelamento do carnaval do Rio de Janeiro. E não é que o carnaval aconteceu, como se nada tivesse acontecido?
Mas essas fatalidades e suspeitas parecem não incomodar as centenas de celebridades de miolo mole - as também chamadas "arroz-de-festa" - que desfilam e "brilham" cada vez mais dentro de suas escolas de samba, e assim sustentam o estrelado carnaval do Rio de Janeiro dentro da mídia que, ao mesmo tempo, promove suas celebridades, lucra com a transmissão dos desfiles e finge igualmente que nada acontece.
Neste mês, a Cidade do Samba foi incendiada. Nunca o carnaval do Rio de Janeiro esteve tão perto de não acontecer. Milhares de fantasias e alguns carros alegóricos foram carbonizados. As comissões carnavalescas decidiram inclusive não rebaixarem nenhuma escola este ano. A mídia tratou o fato como se fosse uma tragédia. Enquanto isso algumas dezenas morriam em protestos no Egito e radicais islâmicos destruíam Igrejas e imagens de Jesus Cristo na Indonésia. Mas importante mesmo, meu amigo, era saber se haveria carnaval no Rio de Janeiro.
Mas mesmo se não houvesse carnaval eu diria em alto e bom som, e daí? O carnaval contribui para a nossa educação? Contribui com a nossa vida? Aqui não falo em se fazer penitência ou coisa parecida, mas é este carnaval que desvirtua a mente dos nossos jovens e os coloca à beira da promiscuidade, da bebida e até mesmo das drogas - ou o lança perfume pode só porque é carnaval? -, sem falar da péssima imagem externa do Brasil em face destas resultantes. Em tempos de relativismo moral constante, não haver carnaval, para mim, seria até uma notícia boa.
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