sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O Islã a toda força no Egito

Inicialmente, existem algumas semelhanças entre o Islã e o marxismo que precisam ser entendidas. Primeiro, a mente missionária. O Islã é considerado, segundo Hilaire Belloc, como uma heresia baseada em princípios cristãos. É uma forma legalista de religião que busca um poder teocrático, bastando o respeito aos seus simples preceitos para se conquistar o paraíso. Não importa para ele os meios para se atingir a sua lei - a chamada Xariá, que detêm sua forma jurisprudencial no Alcorão. Já o marxismo é aquela forma patológica revolucionária, totalitária e coletivista, que visa a busca do poder, também sem justificativa dos meios para os seus fins.

O Islã, segundo Belloc, é diferente do objetivo da religião muçulmana que, apesar de legalista, como o próprio judaísmo, é simplista, mas não desmoralizadora, ou seja, para os muçulmanos os fins não justificam os meios, para um islãmico eles não só justificam como motivam todo o seu movimento ao fim. É claro que não se pode vedar a relação de culpa muçulmana em face da violência islãmica, pois uma coisa pode levar à outra, conforme a própria intensidade do muçulmanismo e sua aceitação territorial em face do Islã, e isso ocorre através do próprio Estado, como ocorre no Irã, ou de grupos organizados, como ocorre no Egito.

A segunda semelhança com o marxismo é na sua subjetivização dos direitos humanos, uma palavra que, como afirma o Dr. Ives Gandra Martins, permite infinitas interpretações. Perseguições a cristãos, atentados em nome de uma missão, busca do poder de Estado e desrespeito à dignidade da pessoa humana, tudo isso também é e foi praticado por aqueles que pegaram em armas para lutar por regimes comunistas. Sendo contrária à sua vontade, tanto para um socialista, quanto para um islâmico, a pessoa se torna um inimigo que deve ser destruído, sendo, neste caso, o véu e suas vestes tradicionais as únicas coisas que os separam. Aqui poderia exemplificar a aproximação dos socialistas bolivarianos com totalitários islãmicos como Ahmadinejad, mas estaríamos saindo do próprio foco do artigo, que não é o de tratar de relações internacionais totalitárias.

Deve-se reconhecer, sim, em terceiro lugar, que o Islã é também semelhante ao gramiscismo, pois finaliza o poder de Estado por meio da dominação cultural comum. É isso que ocorre no Egito, onde uma revolução islãmica corre pela imprensa mundial camuflada de uma revolução democrática, isso porque ganhou o aval, inclusive, do presidente americano Barack Obama, aquele que o Tea Party afirma ser muçulmano - ou no mínimo conivente com a sua presença e disseminação no território americano. O que ocorre no Egito não passa de uma tentativa de mudança de um regime autoritário para um totalitário teocrático.

O Islã às antigas, assim, renasce no Egito, que desde 1992 é vítima dessa campanha de violência armada que finaliza um governo de lei islâmica positivada e desde então funcionários governamentais e cristãos tem sido perseguidos por estes intolerantes. O governo cedeu e garantiu para estes grupos a diminuição da liberdade religiosa, esta se referindo à construção de Igrejas e à prática do cristianismo, ou seja, uma verdadeira inquisição aos moldes islãmicos.

O certo é que o Islã não se compatibiliza com o mundo ocidental e a civilização verdadeira, assim como o marxismo. Cabe à religião muçulmana adequar-se a este mundo como os Emirados Árabes fizeram - permitindo e garantindo a liberdade religiosa daqueles que não nasceram muçulmanos -, mas para isso é necessário consenso, e isso só é possível com instituições políticas que permitam que isso aconteça. Não pode-se impor o próprio sistema para um país que não cabe para aquele sistema - como os Estados Unidos, que impuseram ao Iraque o seu regime presidencialista e acendeu um estopim étnico de gigantes proporções. Deve-se respeitar a instituição política para que ela abrigue o bem comum, que é o bem de todos naquilo em que todos temos em comum.

4 comentários:

  1. Bruno, parabéns pelo artigo. Muito claro e objetivo.

    Consistente e sem perder o foco. Deixou bem claro a diferença entre o que é ser muçulmano x islâmico.

    E como o próprio artigo cita, não devemos generalizar, pois o próprio Emirados Àrabes Unidos, estão em uma grande sintonia com o Ocidente e espero que os demais paísem sigam esse caminho.

    Dos males o menor. Os muçulmanos creem em Jesus Cristo como um fiel e grande profeta de Deus. Um grande passo para a aceitação de Cristo em suas vidas.

    O que eu pude resumir do artigo de forma simplificada é que o muçulmano é um estilo de vida espiritual, enquanto que o Islã é um modo de imposição relacionado aos governos teocráticos.

    Com base nisso, creio que os muçulmanos não sejam uma grande ameaça para a Europa como se pensa. Pois são muçulmanos e não Islamicos. Eles buscam apenas uma forma de contato com Deus. Ao contrário da forças políticas do Golfo.

    "...Perseguições a cristãos, atentados em nome de uma missão, busca do poder de Estado..."

    - Cabe aos governos do Ocidente pressionar... Cabe ao governo brasileiro deixar de tomar posições laicas e defender os Cristãos. Sejam eles Católicos ou Protestantes.

    "...e desrespeito à dignidade da pessoa humana, tudo isso também é e foi praticado por aqueles que pegaram em armas para lutar por regimes comunistas."

    - Ninguém é obrigado a usar Abaya em sã consciência. O que a França está fazendo é ridiculo e não condiz com os preceitos de liberdade que tanto pregam. É o mesmo que o padre usar batina e eles quererem proibir.

    "...presidente americano Barack Obama, aquele que o Tea Party afirma ser muçulmano - ou no mínimo conivente com a sua presença e disseminação no território americano."

    - Não vejo problemas na disseminação da religião muçulmana em território americano. Sinal de liberdade. Não é isso que queremos para os Cristãos?!

    Atenciosamente Matheus Pires

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  2. Muçulmano é o mesmo que Judeu, Islã é o mesmo que Sionismo...

    Estou conseguindo compreender melhor essa situação. Há mais política envolvida do que propriamente religião.

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  3. Caro,

    Devemos apenas lembrar que, apesar de alguns muçulmanos não praticarem o Islã, como é o caso de alguns sunitas, a religião deles nasceu do Islã, da própria espada.

    Liberdade religiosa deve ser garantida na sua crença, mas não em absoluto no seu culto, pois este deve respeitar a dignidade da pessoa humana e o bem comum.

    A religião muçulmana se torna perigosa, em sua disseminação, uma vez que não se ajuste ao ocidente, não faça essa integração cultural total e abra para suas tradições, que é o Islã, que sequer respeita a liberdade de outras religiões, e, neste exemplo, te sugiro ler isso: http://bit.ly/efX3ey

    É completamente político e certamente vai haver uma represália grande na França, que é um Estado extremamente laicista que abriga milhares, se não milhões de muçulmanos.

    Um forte abraço e sinta-se convidado para acompanhar o blog e o meu trabalho sempre que possível!

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  4. Simplesmente espetacular esse artigo Bruno. Por que não publicas no Mídia Sem Máscara?
    Abração, Boeira.

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